quarta-feira, 28 de maio de 2014

BANDEIRA DE AÇO- PAPETE, 1978 ( DISCOS MARCUS PEREIRA).


Há tempos que intento escrever sobre o lendário “Bandeira de Aço”, hoje reconhecido como Bem Cultural Imaterial do Maranhão, porém sempre esbarrei em um obstáculo, que me tirou a coragem, mas, não a motivação: a dificuldade em encontrar fontes bibliográficas e as letras enigmáticas de César Teixeira, Josias Sobrinho e demais compositores que somaram esforços e talento para construir uma obra dessa magnitude. Confesso humildemente que apanhei feio e continuo apanhando até hoje.
Tive então uma conversa informal com o próprio César Teixeira, que entre outras coisas me revelou as entrelinhas e nuances contidas na letra de “A flor do mal”, a começar pelo titulo que é uma referencia ao livro “Les fleurs du mal” do Poeta francês Charles Baudelaire, lançado em 1857. Entendi que, uns dos trunfos que contribuíram para o “Bandeira de Aço” se tornasse um clássico capaz de vencer o próprio tempo, foi a inexatidão do significado de seus versos, qualquer tentativa de interpretá-los, que não venha dos próprios autores, leva a infinitas variáveis e possibilidades. Na intenção de preservar a integridade destas metáforas e por razões obvias, as quais não escondo, não me aprofundarei na interpretação dos versos contidos nessa obra.
Uma chave para compreender o “Bandeira de Aço” é inseri-lo em seu momento histórico. Deste o inicio dos anos setenta, o casarão n.º 42, da Rua Jansen Muller, no centro de São Luis, respira musica, teatro, poesia e todo tipo de  manifestação popular produzida no Maranhão, sede  do Laborarte – Laboratório e Expressões Artísticas, lá se iniciou o movimento que deu vida a MPM - Musica Popular Maranhense, termo que tem merecido a recusa de muitos, por ser considerado um “Rótulo”, e que por isso mesmo confina a mesma a uma espécie de gueto, que torna a nossa musica exótica ao resto do país.Defendo como melhor expressão “Musica Popular Brasileira produzida no Maranhão”.
Viviam-se os anos de chumbo da ditadura militar, repressão e censura vindas de cima, e esperança e revolta vindas de baixo, luta de classes e por liberdade, e, limitação total ao direito de expressão. Desse caldo, surgem duas necessidades, a de se expressar e ser entendido pelo povo, mas, não pelos censores do governo, daí o uso excessivo de metáforas, e, a de união, criar movimentos,  trabalhar juntos, somar as ideias  e falar em uma só voz...
A voz foi personificada através de Papete, musico maranhense com grande destaque na cena artística nacional, tendo trabalhado ao lado de estrelas como Toquinho e Rita Lee, e que mais tarde, foi eleito um dos três melhores percussionistas do mundo ao participar do Festival de Jazz de Montreux na Suíça.
Os compositores, Ronaldo Mota, Sérgio Habibe, Josias sobrinho e César Teixeira, estes dois últimos, são ícones da Musica Popular Brasileira produzida no Maranhão, o conjunto da obra de ambos, sintetiza, o que foi produzido de melhor, no período de maior efervescência da musica maranhense, no que diz respeito a  Musica Popular Brasileira e Regional.
O timbre é outro aspecto que faz de “Bandeira de Aço”, uma obra única e singular, arranjos melódicos de cordas e sopros, a percussão extraordinária do Papete, e um profundo mergulho na sonoridade das manifestações culturais do Maranhão, deram um tom magnífico ao álbum, referências profundas ao nosso consciente coletivo, que vibra ao som das matracas e dos pandeirões, recordando nossos momentos lúdicos  no arraias juninos e a herança musical de nossos ancestrais.
Versos enigmáticos, carregados de metáforas evasivas do tipo: “Depois de morrer na sombra da caranguejeira”, “A coruja piava no galho com a fome espetada no olho”; “Carne seca na janela, quando alguém olha pra ela pensa que lhe dão valor”, “Se ela soubesse da areia que eu como, ela nem perguntava, se ela soubesse do pó da sereia, ela nem se zangava, vento na cumeeira, nem dizia palavra...”; “que na subida da bandeira, pensou que tava no mundo e era fundo de quintal”, “Que é um boi de pasto carregando sela, fazendo vergonha pra ela e pra São João.” E ainda, “E quando os espíritos voltarem da guerra, encherei meus olhos com a mais suja terra e  a mula rumo a Portugal, eu e minha bananeira, duas bandeiras do mal”, letras de um lirismo impecável, reforçando o status  de referência poética, que rendeu a São Luis, o codinome de “Ilha do amor”, da poesia.

“Bandeira de aço” é sem dúvida, um monumento da musica e da cultura popular do Maranhão, representa em síntese, o que há de mais puro e essencial  no criar e no agir do povo maranhense, é um espelho de nossa alma coletiva,  um instrumento, uma forma clara, objetiva, rica e lúdica de mostrar a nossa cara para o Brasil e para o mundo expondo o que temos de melhor.

domingo, 23 de março de 2014

LEPO LEPO NO ENEM, VEJA SE VOCÊ ESTÁ PREPARADO:


01.Na canção “Lepo Lepo”, de Filipe Escandurras e Magno Santana, a narrativa em primeira pessoa, revela em tom lírico as angústias do protagonista ante a possibilidade da desilusão amorosa em virtude dos desejos materiais atribuídos a sua musa inspiradora influenciada pela sociedade de consumo, tal assertiva pode ser constatada nos versos:
a)Ah, eu já não sei o que fazer, duro pé-rapado com salário atrasado.
b)Ahh, eu não tenho mais para onde correr.
c)agora vou conversar com ela,será que ela vai me querer.
d) agora vou saber a verdade se é dinheiro ou amor (cumplicidade)
e) Nenhuma das alternativas acima.
02.De forma crítica e despertando sentimentos profundos de indignação perante as desigualdades sociais, o protagonista rebela-se contra a opressão social e as distorções criadas pelo capitalismo que agiram devastadoramente em sua existência, colocando este em uma situação de prostação, humilhação e submissão, pode ser obsevar tal condição em:
a)Rá rá rá rá rá rá rá o lepo lepo.
b) Fui despejado, o banco levou meu carro.
c) Ah, eu já não sei o que fazer, duro pé-rapado com salário atrasado.
d) Ahh, eu não tenho mais para onde correr.
e) Nenhuma das alternativas acima.
03.O protagonista reafirma sua condição humana de forma madura e sensata antes as mazelas sofridas e a possibilidade da perda amorosa, tal assertiva se revela nos versos:
a)Se ficar comigo é por que gosta do meu Rá rá rá rá rá rá rá o lepo lepo.
b)É tão gostoso quando eu Rá rá rá rá rá rá rá o lepo lepo.
c)Ah, eu já não sei o que fazer, duro pé-rapado.
d)Eu não tenho carro, não tenho teto.
e)Nenhuma das alternativas acima.
04.O protagonista expressa seu amor pela musa e seus sentimentos de estima, valorização e repeito pela mulher, em sentido amplo, através dos versos:
a)Se ficar comigo é por que gosta do meu Rá rá rá rá rá rá rá o lepo lepo.
b) Agora vou saber a verdade se é dinheiro ou amor (cumplicidade).
c) Agora vou conversar com ela,será que ela vai me querer.
d)Rá rá rá rá rá rá rá o lepo lepo.
e)Nenhuma das alternativas acima.
05. Que figura de linguagem podemos encontrar na expressão: Rá rá rá rá rá rá rá o lepo lepo., e em que sentido a mesma se encontra no texto:
a) Metáfora, por que releva profundidade dos sentimentos do protagonista em relação a sua amada e repeito mutuo entre os dois na relação afetiva.
b) Onomatopeia, pois descreve de forma original através de referências sonora a delicadeza com que o protagonista trata sua amada durante seus encontros amorosos.
c) Eufemismo, pois o protagonista reafirma com estes versos sua masculinidade.
d) Hipérbole, pois o protagonista expressa de forma exacerbada seus atributos e sua perfomace no ato sexual.
e) Nenhuma das alternativas acima.
06.Pelo lirismo, pela beleza e profundidade dos versos e pelo rigor literário, os autores da canção “ Lepo lepo”, Filipe Escandurras e Magno Santana podem ser comparados a que outros nomes da literatura luso-brasileira:
a)Fernando Pessoa e Vinicius de Moraes.
b)Mario Quintana e Carlos Drummond de Andrade.
c)Cecília Meireles e Mario Lago.
d)Naldo e Valesca Popozuda.
e)Michel Teló e Tiririca.
O texto é uma brincadeira, uma alegoria, da perda total das referências culturais e literais, tal como ocorre  no filme "Idiotocrácia". Por outro lado mostra a capacidade do professor, com talento e habilidade, de tirar 'leite das pedras", encontrar conteúdo onde não existe, mérito que é só dele, posto que é pouco provável que os autores da música tenham feito a mesma reflexão ao compô-la, considerando que "Conteúdo" não é ingrediente para a formula de mercado para qual a mesma é dirigida. Por outro lado faz com que o ouvinte reflita e identifique o conteúdo que subliminarmente lhe está sendo oferecido, a inversão dos valores que muitas vezes é imposta por este tipo de produção. Por sugestão, assista ao filme:  http://www.legiaodosherois.com.br/2013/entretenimento-um-dos-melhores-filmes-que-voce-nunca-viu-idiocracia.html

Texto: Penha de Castro.